texto Teresa Siza

Intervención de Teresa Siza na mesa redonda celebrada o 15 marzo na Fundación Barrié de Vigo coincidindo coa exposición Casas doentes


CASAS DOENTES. MANUEL SENDÓN

 

A primeira coisa a notar em “Casas doentes” é o enorme prazer visual e estético que estas imagens proporcionam.Depois, noto também a 1ª leitura cultural/visual do Renascimento (a nível da cor e da forma), demonstrando, no entanto, influências fotográficas notórias: de Baldus, por exemplo, mesmo dos Bescher.

Mas as imagens de Manuel Sendón não sugerem o “vulto redondo”; não sugerem também as mesmas seriações (quando existem, por acaso); não são tipológicas (são patologias, “doenças”). Tudo isto o afasta dessas aparentes influências, clássicas ou modistas.O outro traço muito marcado é o de que são imagens muito contemporâneas – no olhar – e deixam sobressair influências muito pertinentes, especificamente fotográficas.

Exemplos: as janelas (não podemos deixar de pensar em Minor White…); a grande novidade post-moderna da opacidade; o que sugere uma “casa doente” também sugere a ambiguidade da percepção fotográfica. Até a selecção dos materiais (plásticos efémeros que cobrem a cidade aqui e ali, ou andaimes de cores inesperadas, que nos parecem apenas possíveis na mistura de computador, ultrapassam largamente a fotografia intimista que nos ocorre em 1º lugar.

Para mim, estas imagens não caem na categoria da fotografia documental, são como que inventadas (as casas – não detalhes –  fazem lembrar os primeiros ensaios das cores do computador).

Outra influência post-moderna é a simulação da fotografia doméstica ou de férias, que acabou por culminar em superfícies de fachadas lisas e singulares.

O que eu noto, então, é que estas imagens são meras superfícies, onde o requinte é mais a cor que a forma. A falta de profundidade joga aqui com o criticismo, que ainda permanece, e que retira à imagem fotográfica o papel de uma história ou de uma síntese.

E, finalmente, o que considero ponto de partida da minha análise: os pormenores de fachada, muito suaves e geometrizados, laboriosamente retirados da função da casa, da forma e mesmo do destino actual, que lembram de uma maneira tão categórica como a nossa cultura ocidental os preciosos desenhos de alçados e pormenor que acompanham a arquitectura urbana do antigo regime.

A vegetação, que é um dos sintomas do envelhecimento destas casas, e as próprias cores-  que são obviamente efeito de uma selecção – remetem mesmo para os desenhos de esclarecimento que vemos na cartografia seiscentista.Por isso, vejo esta colecção de imagens, onde cada uma é, como o conjunto, um historial de cultura, uma formulação conceptual que nos liga indiscutivelmente a um olhar muito recente.

Teresa Siza

Unha resposta a “texto Teresa Siza

  1. Ante unas fotos de simples casas (Horrorosas) pagadas por la conseleira de Vivenda del Bloque Nacionalista , como se puede escribir un texto adulador , ¿cual es el motivo?
    Quizas el profesor de Matematicas , Manuel Sendón , ocasionalmente fotografo , esta relacionado con el Bloque , ¿o no?.
    Continuará.

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